Balgiror, o Anão
Em uma pequena cidade não muito longe de onde o Rei estava, havia um pequeno povoado de anões. Os homens trabalhavam na fabricação de armas – como espadas, machados, facas, entre outros – ou na arquitetura das casas da cidade.
As mulheres eram encarregadas de cuidar das plantações e nos preparos do desjejum e jantares para que os homens pudessem realizar seu trabalho pesado, e claro, também era responsáveis pelo cuidado com as crianças.
Porém, havia um daqueles homens que simplesmente não se importava em fabricar qualquer tipo de armamento, ou na construções de casas, e muito menos formar uma família.
Bagiror era um anão que queria mudar seu rumo. Desde sua infância, ele gostava de cavar pequenos buracos na terra com sua inseparável colherzinha que havia ganhado de presente de aniversário aos 6 anos. Gostava de estudar sobre os campos e florestas, sobre arquiteturas antigas – bem, ao menos ele se interessava por algo que os anões do povoado já vazia, e bem, seu pai achou que ele poderia virar arquiteto… doce sonho – e também colecionava livros que comprava na cidade, sem a autorização direta de seu pai, pois como o mesmo dizia: “Nós não precisamos de livros para arquitetar ou fabricar uma arma”.
Ele queria saber mais e entender mais sobre outros povos, outros estilos de vida, outros costumes. Ele queria, secretamente, encontrar alguma bruxa ou mago, apenas para saciar sua curiosidade de conhecer um deles.
Conversar com um Elfo e poder desfrutar de um belo café da manhã, que desde pequeno ouvia que era “o melhor café de todo o reino”.
Poder enfrentar com seu machado qualquer criatura mortal dentro da floresta.
Disposto a encarar seu sonho e deixar para trás o conforto de seu lar, Bagiror juntou tudo o que podia na sua mochila, como sua inseparável colherzinha, pergaminhos, picareta, livros, uma frigideira – ora, ele teria que comer algo enquanto estivesse na estrada – sua caneca de chopp, uma lamparina, seu cachimbo, um punhado de moedas, entre outras pequenas miúdezas que necessitaria.
Na calada da noite, enquanto todos descansavam de suas árduas tarefas, Bagiror deixou um pergaminho em cima da mesa de jantar de sua casa, avisando que iria seguir seu caminho.
“Queridos pais,
Agradeço imensamente tudo o que já fizeram por mim, pela educação que foi me passada e pelos ensinamentos incríveis.
Porém, sinto que meu conhecimento além desse povoado me chama. Quero entender mais sobre tudo.
Não se preocupem, ficarei bem.
Com amor,
Bagiror”
Assim, pegou sua mochila e a colocou nas costas. Com um breve aperto no coração, abriu a porta da sala e olhou para trás.
Todas as boas lembranças que tinha, estavam naquela casa.
Mas, sem hesitar, saiu de sua casa e sentiu o vento que o sereno da madrugada proporcionava.
Andou alguns quilômetros que sua perna poderia aguentar, pegou um livro e foi decidir seu caminho.
“É claro! – pensou ele – Meu primeiro destino é o reinado. Lá eu posso encontrar alguém na qual eu possa conversar, encontrar alguma experiência e catalogar”.
Então, ele pegou um livro com páginas em branco, uma pena e um pequeno tinteiro, e fez seu primeiro capítulo: “O Reinado”.
Suspirou, deixou a tinta no livro secar e se levantou.
“O reinado não deve ser tão longe daqui”.
Bagiror estava iniciando sua singela e longa carreira arqueológica, com muito orgulho, sim.
Afinal, não é todo dia que um anão daquele povoado se arrisca a fazer algo diferente…